Terça-feira, 7 de Julho de 2009

Moita Flores tem razão quanto aos nossos deputados

 

Só hoje,  três dias depois, me dei conta do artigo que Francisco Moita Flores, presidente da Câmara de Santarém eleito numa lista do PSD,  publicou no Correio da Manhã, em memória, política, do Ministro Manuel Pinho, despedido por, no calor de uma discussão e perante uma falsidade que o PCP há meses vem repetindo sobre a sua tentativa de fazer reabrir as minas de Aljustrel, ter imitado um par de cornos aparentemente dirigidos ao deputado Bernardino Soares.

 

Moita Flores conta como conheceu Manuel Pinho há uma semana no âmbito de um projecto piloto que envolve 20 câmaras num projecto de produção dos primeiros carros eléctricos portugueses, a que a comunicação social não ligou nenhuma. Considera o Ministro demitido um homem brilhante, com obra meritória, que deveria interessar um pouco que fosse aos representantes da Nação. E remata assim:

 

Conclui-se que os nossos deputados sabem muito, e ofendem-se com razão, de cornos e encornanços e pouco lhes interessa a revolução ambiental que vai modificar o País. Um dia, quando a sensatez chegar, quando a nossa frota automóvel estiver pejada de carros eléctricos sem ruído e sem emitir gases tóxicos, saber-se-á que foi um senhor chamado Manuel Pinho, o grande propulsor da nova era. Despedido com justa causa porque enviou um par de cornos a uma criatura qualquer.

 

Carros eléctricos sem emitir ruído nem gazes tóxicos - é um assunto que não interessa mesmo nada aos nossos deputados, eles são assim. Podia dar dezenas de exemplos - porque vivi muitos anos lá fora, falo línguas estrangeiras e leio jornais - da indigência do debate político parlamentar português, a reboque de interesses jornalísticos de alguns analfabetos consumados, que dominam os jornais e as televisões nacionais.

 

Manuel Pinho teve a ver com a concepção e lançamento (Sócrates devia-lhe isso) do plano tecnológico nacional, que tanto enervou e enerva políticos e jornalistas da Oposição. Teve a ver com a procura de investidores externos, o que é cada vez mais difícil num País com a mais popular extrema esquerda da Europa (popular porque os grandes patrões dos media os promovem todos os dias nas televisões).

 

Difícil tarefa de Pinho num País em que a extrema esquerda trepa nas urnas (Chavez também), ocupa as ruas, domina os telejornais. E em que a direita disputa com a extrema esquerda o bitaite mais odioso, quanto mais odioso melhor o lugar que lhe é atribuído no "ranking" das notícias - são as regras do agit-prop, tão actuais agora em Portugal como nos tempos do Komintern, de Praga a Moscovo.

 

Difícil tarefa a de Pinho, vilipendiado pela mesma extrema esquerda que "chumbou" o acordo da Auto-Europa e provocou a partida da Opel, da Azambuja para Saragoça. Eles querem lá saber dos trabalhadores. Quanto pior melhor. Mais desempregados implica mais votos. Que são apenas uma forma de luta e nem sequer a mais importante. 

 

Manuel Pinho, que não era do PS, foi presa fácil de todas as provocações e acabou por sucumbir a uma delas. Estranho é que no momento em que é despedido venha a ser um político como Moita Flores, que mal o conhecia, um eleito local por um partido da Oposição, a fazer-lhe o elogio que a obra feita tanto justificava.

 

 

publicado por JTeles às 22:41
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