Outro caso em que “a honra de uma pessoa foi atirada aos cães” – esta é uma frase do Presidente francês François Mitterrand, em 1993, a propósito do suicídio de Pierre Bérégovoy, como relatámos aqui – foi o de Roger Salengro. L'affaire Salengro, quand la calomnie pousse au suicide - diz este blogue francês.
Ministro do Interior no Governo do “Front Populaire” em 1936, Salengro foi o principal obreiro dos Acordos de Matignon, que consagraram pela primeira vez no Mundo a semana de 40 horas e as férias pagas para os trabalhadores.
Que não era suficiente – defenderam os mineiros comunistas que entraram em greve e receberam a visita do Ministro Salengro, que lhes faz frente e é tratado de “social-traidor” – é o primeiro tumulto que defronta.
Que era de mais – resistiram os patrões que afirmavam não poder reduzir o tempo de trabalho e manter os salários. O Ministro reage ameaçando com a nacionalização – “se V. não podem, podemos nós” – da Agência Havas, ponta de lança de uma imprensa “nas mãos de alguns capitalistas aliados à reaccão”. Ganha a primeira batalha contra a Imprensa? Vingativa, a dita imprensa iria mover-lhe uma luta de morte.
Em finais de 1986, publiquei no jornal "Semanário" um artigo no qual me insurgia contra o pudor (ou seria vergonha? ou terá sido medo, puro e duro?) com que o Governo, de que era Primeiro-Ministro Aníbal Cavaco Silva, tratou o assassinato do que fora seu Director-Geral das Prisões, e por isso enfrentara todas as ameaças, sofrera a maior das pressões, sobretudo nos media - que passaram meses a fotografar e destacar as manifestações e protestos da "Associação de Familiares e Amigos dos Presos Políticos" (FP's 25) junto da Direcção Geral das Prisões, junto do Estabelecimento Prisional de Lisboa, (nunca junto do Ministério), contra as condições prisionais, pelos direitos dos presos). A mobilização e as denúncias visavam directamente o Director-Geral, obrigado a manter a disciplina, nas instalações que tinha, cumprindo as ordens do juiz, quaisquer que fossem. Cozinhava-se o caldo de cultura, preparava-se o terreno, que havia de conduzir ao assassinato de Gaspar Castelo Branco, consumado em Fevereiro de 1986, depois da fuga do EPL de um grupo de reclusos das FP-25.
Aquilo é que foram pressões! Pois nunca Cavaco Silva, que era o PM, e por isso automaticamente o primeiro responsável pelas condições prisionais que eram atiradas à cara do director-geral, nem Ramalho Eanes que era o PR, receberam em audiência aquele homem "pressionado". Ele não se queixou na comunicação social. E também não pediu audiências. De facto: tomou sobre si todas as responsabilidades do seu cargo, enfrentou sozinho o que tinha de enfrentar. Mas não teria ficado mal que depois do assassinato o PM recebesse em audiência a família, a mulher e os filhos menores (o mais velho dos quais tinha 17 anos), de um assassinado ao serviço do Estado.
Quando o mesmo Cavaco Silva avaliza com a audiência concedida queixinhas de "pressões" bem discutíveis, relembro aqui na íntegra o artigo que publiquei no Semanário em 28 de Dezembro de 1986:
Gaspar Castelo Branco: foi decidido esquecê-lo
Era uma tarde de sábado, de chuva miudinha, igual a tantas outras. Gaspar Castelo-Branco tinha amigos para jantar e faltava-lhe o queijo. À primeira aberta, já ao cair da noite, resolve dar uma saltada ao comerciante da zona. Saiu, por uns minutos. Foi morto com um tiro na nuca, disparado à queima-roupa, no passeio em frente à casa onde morava.
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